Já estamos em 2021. Aliás, já estamos no terceiro dia de 2021 e sinceramente eu não sei se ainda há alguém que leia blogs só porque sim.
O ano de 2020 a mim trocou-me as voltas, mas no final tudo acabou em bem.
Não é segredo nenhum que adorava ter a minha própria loja, com criações minhas, com espaço para dar workshops, com oficina para trabalhar e com espaço para armazenar e em Janeiro de 2020, vivia eu no Porto e encontrei o espaço certo, na verdade era ainda melhor do que alguma vez sonhei, porque até um terraço externo (enorme) tinha e o preço era completamente imbatível.
Dia 27 de fevereiro de manhã tinha a escritura marcada e à tarde ia com o meu marido para Marrocos. Que dia!
A escritura não se fez. Do lado do vendedor não tinham cancelado a hipoteca da loja e a ultima coisa que eu queria era comprar um imóvel com uma dívida atrás que valia mais do dobro do que eu ia pagar pela loja. Ainda me tentaram convencer a avançar, disseram que ficava redigido na escritura em como cancelavam a hipoteca. Eu não estava nada confortável, com 1001 campainhas a tocar no meu cérebro, mas a gota d’água foi quando falaram de outro assunto relacionado com a Câmara do Porto, que supostamente já estaria resolvido. Aí disse que não avançava nesse dia. Voltaram a contactar-me dia 19 de Março, estávamos nós já em quarentena, e eu na minha fase de maior pânico. Desisti do negócio e fiquei completamente perdida sobre o que fazer a seguir.
Até que um dia veio a luz e decidimos voltar para a nossa cidade: Lisboa!
Quando os dois primeiros meses de quarentena obrigatória terminaram, tratamos de candidatar os miúdos à antiga escola deles de Lisboa e desejar que entrassem e de seguida fugimos por dois meses para o Algarve. E aí a palavra liberdade ganhou um novo significado para nós. Eu adorava a casa do Porto, mas era um apartamento sem varandas ou terraço, num prédio altíssimo e com muitos apartamentos. No Algarve tínhamos espaço exterior e praticamente não se via ninguém na rua. Eu e os meus filhos continuámos praticamente a não pôr os pés fora dos muros da casa, tal como os dois meses no Porto, em que íamos dando em chonés porque nós simplesmente não saímos nunca.
Quer em março-abril no Porto, como em maio-junho no Algarve o que nunca se esgotou foi a criatividade. Tinha sempre tantas ideias e tanta vontade de fazer. Acredito até que foi um mecanismo de defesa que o meu corpo/mente arranjou para se abstrair de tudo o que se passava, do isolamento, meses sem ver a minha família.
Em julho arrendámos casa em Lisboa e viemos para a nossa cidade. Aqui já pude ver os meus pais, irmãs, sogra, almoçar com uma amiga de cada vez e pude continuar a trabalhar, a vender as minha primeiras peças, pude dar alguns workshops. Em setembro os meus filhos voltaram à antiga escola. Não foi muito fácil para o Francisco no início e eu ganhei alguma antipatia à gestão da escola, mas hoje em dia vão os dois felizes de manhã e isso é o mais importante.
Neste Natal houve máscara, mas também houve família e isso, para mim, é que interessa.
Deixo-vos alguns vídeos e fotos do meu ano de 2020 ?
Claramente gosto de cor e continuo a trabalhar muito ao nível da selfie ?